Lembro-me sempre do Rapaz a riscar o fósforo e a Menina do Mar a dançar e a bater palmas e a vociferar:
É um sol pequenino!
Ou ainda a Fada Oriana a mandar-se do precipício abaixo para salvar a Velha, esquecendo-se que não tinha Asas.
Li num livro em que alguém dizia que o primeiro livro que lemos nos fica na memória e no coração acima de qualquer outros. Discordei. Não me lembro do primeiro que li. Lembro-me sempre, verdade, destas duas histórias da Sophia de Mello Bryner Andressen, que andam comigo para onde quer que vá. A Menina do Mar pelo espanto que injectou no meu sangue em relação às coisas belas, a Fada Oriana porque me segredou que tudo o que é belo é triste, se não olharmos com o coração.
Será encontros como estes que partilharei aqui.