Não recordo quantas vezes li Amor de Perdição. Sei, no entanto, que precisei de alguns anos para nascer em mim aquilo que a obra me significaria. Esta história, uma história de amor trágico, irreal e tremendamente feroz, é como todos os amores deviam ser. Em Amor de Perdição o amor chega a ser a cólera, a ternura da violência que é o roubo dos olhos de quem se ama, ou o cheiro que fica nas mãos somente por se pensar, ou melhor ousar pensar, naquele que se tornou o único objectivo na vida e na morte



O amor devia ser assim, sempre assim, nunca mais nem nunca menos.


Como diz Teresa, a liberdade do coração é tudo e esse espectro de divindade na terra aceita a condição de afastar-se do mundo, almejando o dia da sua liberdade cujo plano começou no exacto instante em que Simão a olhou e perceberam, como nós percebemos, que de uma forma ou de outra o seu destino tinha sido traçado junto. Isso apesar de o amor não ser perfeito aos olhos de quem vê mas ser perfeito na imperfeição de quem sente, vendo mal, ou vendo bem, mas vendo por dentro


Esta é uma história de amor e morte, e por ser isso é uma história sobre a vida. Um amor maior que a vida, sem medo dela aliás. E ainda temos Mariana, a verdadeira personificação da dedicação, vontade, e falta de amor próprio por tanto amor ao outro. Amor de perdição, sente-se. Como se sentem as palavras seguintes, aqui ditas por Simão, como no filme, mas ditas por Teresa no romance de Camilo Castelo Branco, e tão verdadeiras como nós próprios.




Imagem a partir do filme Amor de Perdição, realizado por Manoel de Oliveira.
Todas as restantes referências a partir do romance Amor de Perdição, por Camilo de Castelo Branco.
Todos os registos sonoros a partir do filme Um Amor de Perdição, realizado por Mário Barroso.



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