muito, meu amor, assim está escrito na capa, e realmente é muito. Conheci Pedro Paixão na capa do livro Viver Todos os Dias Cansa e fiquei ligado a ele para sempre. Em muito, meu amor encontrei-me, sim essa é a verdade. Passei todo o fim-de-semana com aquele livro na mão, um grande bloco de um preto metálico agora cheio de guardanapos de papel, daqueles finos translúcidos a, na falta de melhor, servirem de marcadores. Fui lendo o livro primeiro naquele egoísmo de querermos as coisas só para nós, perdia-me nas páginas, voltava atrás para depois voltar para a frente, como tantas vezes fazemos na vida. Li o livro em voz alta, li para os outros aquilo que achava que a humanidade devia saber, afinal, um livro é sempre um segredo partilhado. Obrigado Pedro por isso, por um triângulo amoroso, centrado na história de dois personagens, contado com uma densidade poética que se revela em passagens como
Esqueço-me dos nomes todos. Tu não?
Eu esqueço-me das pessoas.
Mas eu não era assim.
Eu lembrava-me de tudo.
Tudo é muito. Acaba por não caber. O importante é que te lembres de mim.
não há muita preocupação com o espaço ou com o tempo como se a história, ou os sentimentos que ligam toda a história, pudessem acontecer em qualquer tempo e em qualquer espaço. Isso faz-nos sorrir. Pedro exagera a perfeição do belo que aqui no terrivelmente pretendemos enaltecer
És tão linda que nem dás vontade de foder, dizia
como se o belo a ser amado se tornasse em objecto intocável, como uma qualquer bola de vidro, brilhantemente perfeita, que rebenta nas nossas mãos ao primeiro toque. Depois, quase no final, fica no ar a questão do que seríamos sem o amor, ou que seria do amor se fossemos realmente quem somos sem nos moldarmos à imagem do outro, ainda que de forma metafórica, mínima ou máxima
Sozinhos, pelo menos, não fazemos mal a ninguém, não achas? Só a nós fazemos mal, sim, e muitas vezes merecemos. Se pudesse levava-te comigo até esse tempo. Não para ficar por lá. Só para tu veres quem eu era quando ninguém gostava de mim, (...), para saber se tu ias gostar de mim. Para ver se me vias.
Todas as referências a partir de muito, meu amor, de Pedro Paixão
Fotografia - Pedro Paixão
Música - 11.33 The Gift
Ainda não conheço mas despertaste a minha curiosidade... vou sem dúvida nenhuma procura-lo!
PS para a Olga :D
Olha, lá vai o Anjo branco descer mais um lugar no ranking dos livros a comprar... se este for tão bom como o outro livro que me recomendaste, temo ter encontrado a dupla perfeita, nunca mais escolho um livro na vida, deixo-vos fazer o trabalho todo lololol
Beijinhos para ambos e parabéns por este novo espaço que se afigura, desde já, fantástico
Olá Mariana,
o livro foi uma leitura digna desse nome, se estou a ser tendencioso, perdoem-me, mas que adorei, adorei.
Obrigado pela visita.
Tudo de bom,
Edgar Semedo