Tem sido palavra recorrente nas coisas que olho, coincidências. Diz-me o dicionário estado de duas figuras que se sobrepõem. Mas o que é estar? Depois de cinco adiamentos, foi ontem que finalmente vi Love Like Coincidences. Numa boa hora da noite, no silêncio da casa. De início difícil face aos barulhos da língua pouco habituais aos meus ouvidos, um pormenor que só engrandeceu a obra. Uma história sobre a história de duas vidas. A célebre máxima nascer contigo, perder-te, encontrar-te, a morte sempre a pairar na vida. Uma história sobre o poder do passado e das coisas imutáveis que não giram à mesma velocidade da velocidade da terra. Sobre a sorte do amor nas vidas, Ozgur, chamava-se ele, ela, Deniz. Ele doente do coração, ela tanto ou mais doente que ele mas da alma que se sabe viver no coração. Uma história sobre o perdão, sobre as palavras mal escolhidas, sobre o arrependimento que fica esquecido como uma cassete que se ouve no fim e faz valer o que se sente, e ressente,
e não há lugar à desistência, há apenas coincidência e morte. Há a doença do coração que tanto amedronta quem sofre. Morrer em qualquer instante, em qualquer lugar, em qualquer uma das horas. Viver é ultrapassar esse medo, viver é essa clara forma de amar. É digno de Oscar? Não, não é. É digno de ser lembrado muitas vezes. Apenas isso.
Todas as imagens a partir de Love Likes Coincidences.
Música Taken by a Stranger, por Lena.
Vim agora do outro lado, ainda a pensar naquela "tristeza de não se poder morrer de amor", pois eu penso precisamente o contrário... já tinha morrido vezes demais ;)