Dizem que no princípio de tudo era só uma, e que só depois passaram a três irmãs. Mas tudo são superstições. A constante descrença acerca do nascimento das três mulheres, algumas vezes representadas sem sexo, leva a crer que nasceram da necessidade do destino; sendo tão velhas quanto a terra. Habitando o lugar junto das honras, são parte da primeira geração divina e ninguém, incluindo Zeus, pode contestar as suas decisões.

Diz-se algures que são presumidas, mas isso não sei. Sei que sempre fiando, medindo e cortando, não há relato que por uma vez se tenham distraído. Clotho sempre presente nos nascimentos tece o fio da vida. Láchesis puxa e enrola o fio tecido, sendo quem determina as circunstâncias ou acontecimentos de um modo inelutável na vida de quem quer que seja. Atropo A mais temível, sempre servida com as fatais tesouras que no momento oportuno corta o fio que mede a vida de cada mortal.

Nunca ninguém as conseguiu enganar, soa-se que uma vez, talvez, tenham cedido a um Deus, mas é tudo falatório,  já que compreendem, como qualquer qualquer pagão, que acima dos homens, e até dos deuses, está o fado que determina, e este trabalho não é senão ceder-lhe.

A mitologia grega fascina-me. A tentativa de explicar os fenómenos da natureza levou à criação destas estórias  diversas e fantásticas. A partir do que hoje nós sabemos como óbvio. É o sabermos tudo que nos torna apáticos, assistimos à vida, apenas. Serenos da nossa condição de mortais, mas confiantes que a morte é coisa para velhos. Mas e se um dia Atropo nos atropela as convicções?


Imagem Perseu devolve o olho das Gréias, por Henry Fuseli
Música Pomba Branca, por Donna Maria a partir de original de Paulo de Carvalho



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