Numa das soberbas aulas de Francês, onde se aprendia tudo sobre a vida, a professora, senhora dotada de uma sensibilidade fascinante, mostrou-me a fotografia e disse-me

põe-te dentro dela.

onde estás?

o que vês?

como está o mundo à tua volta?

o que sentes?

estranhamente, falei num francês exímio. A fotografia é soberba, divinal. Anos depois, descobri que tudo na imagem não passa de uma encenação, mas, ainda assim, continuo a adorar a fotografia, porque a partir desse dia começou a ser para mim um retrato daquela aula de Francês. Porque existe uma beleza terrivelmente enorme naquilo que aconteceu lá atrás e continua connosco sempre que avançamos pelo tempo.




Fotografia “Le Baiser de l' hotel de ville”, por Robert Doisneau em 1950
Música Who Is It, por Bjork



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